quinta-feira, 5 de março de 2015

After Dark - Os passageiros da noite, de Haruki Murakami - Opinião

- Autor japonês
Editora: Casa das letras
Sinopse: Por uma noite, Murakami leva-nos com ele através de uma Tóquio sombria, onírica, hipnótica. Um deslumbrante romance perpassado de uma singular atmosfera poética, na fronteira entre a realidade e o universo fantasmático, onde cada pormenor, olhado retrospectivamente, faz sentido. 
Num bar, Mari encontra-se mergulhada num livro, enquanto bebe o seu chá e fuma cigarro atrás de cigarro. Às tantas, entra em cena um músico que a reconhece. Ao mesmo tempo, encerrada num quarto, Eri, a irmã de Mari, dorme com os punhos cerrados, sem saber que está a ser observada por alguém. 
Em torno das duas irmãs desfilam personagens insólitas: uma prostituta chinesa vítima de agressão, a gerente de um hotel do amor, um técnico informático, uma empregada de limpeza em fuga. Sucedem-se acontecimentos bizarros: um aparelho de televisão que, de um momento para o outro, começa bruscamente a funcionar, um espelho que conserva os reflexos. 
Em Tóquio, durante as horas de uma noite, vai desenrolar-se um estranho drama...


Opinião:
Este é um título de literatura contemporânea, que demarca a minha estreia com o autor, e foi-me recomendado por uma fã. Devo dizer que não costumo sentir atracção por este género literário, mas este ano decidi-me a experimentar, facto comprovado pelo desafio Diversidade literária. Por ser um autor japonês, também me permite realizar o terceiro tópico do meu TBR Jar challenge: * Ler um livro de um autor que não seja europeu nem norte-americano.
A personagem principal Mari está a ler um livro num café pela noite dentro, reencontra um rapaz que toca numa banda. Sob a indicação deste, a gerente de um love hotel vai buscá-la para falar chinês com uma prostituta encontrada a sangrar, e descobrem que foi espancada por um homem. Entretanto, as funcionárias do hotel descobrem o agressor através das câmaras de video vigilância, e entregam fotos ao homem que veio buscar a prostituta, em jeito de não o deixar ficar impune. 
Paralelamente, somos informados que a Eri, a irmã da Mari, está a dormir num quarto e está a ser observada pelo "homem sem rosto", através da televisão. Passado algum tempo, a Mari vai para outro café, dirigindo-se à casa de banho, vê-se ao espelho e sai, contudo o seu reflexo persiste. Mais tarde, o mesmo acontece com outra personagem. 
Passei a maior parte do livro curiosa com toda a situação à volta da Eri, finalmente descobrimos, mas ficou por esclarecer a origem da decisão, e o significado das cenas do homem sem rosto e do próprio evento que se sucede com ela, o que dá o mote para as interpretações de cada um. De igual modo, também achei que ficou pendente o castigo ao agressor e a explicação dos reflexos persistentes, pensei que iria ser algum tipo de episódio sobrenatural, mas não houve grandes desenvolvimentos. 
Apreciei a parte final, após a reflexão e troca de opiniões da Mari com os outros intervenientes. Aquando da aproximação dela à Eri, na minha opinião, fica no ar uma possibilidade de resolução do problema (não quero estragar o livro para quem ainda não o leu).
Muitos aspectos são-nos revelados pela descrição do autor, sob a perspectiva de uma câmara de filmar, como se ele fosse um "camera-man" e nós tivéssemos acesso directo às imagens. Outras situações, são descritas normalmente, tendo eu admirado particularmente, a caracterização de Tóquio à noite :)
A história do livro decorre ao longo de uma noite e verifica-se que de uma maneira ou de outra, o destino das personagens está interligado de algum modo. Um facto interessante deste título, na mudança de capítulos aparece sempre um mostrador de horas, um relógio que nos indica sempre a hora a que decorre a acção.

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