quarta-feira, 4 de março de 2020

De todos os motivos, de Vitor Castrillo - Opinião

Título original - De todos os motivos
Sinopse: "Essa vai ser um pouco estranha.Eu chego a sentir vergonha de mim mesmo as vezes pelo tanto que eu gosto dele. Ele faz o meu dia com uma mensagenzinha de nada, ou um meme idiota. [...]"
Confuso com seus sentimentos, Pedro recorre à internet e escreve em um fórum sobre a amizade e seus sentimentos por Henrique, seu melhor amigo. Em busca de ajuda e palavras de incentivo que o façam tomar a iniciativa que precisa para descobrir o que realmente existe entre os dois além da forte amizade.

Opinião:

O conto inicia-se com a introdução de como os protagonistas Pedro e Henrique se tornaram amigos quando andavam na escola. Está claro que o Pedro é apaixonado pelo amigo desde que tinham aulas juntos e com o passar do tempo, os seus sentimentos apenas se tornaram mais intensos.
O Pedro é abertamente bissexual porém o Henrique sempre foi vago quanto à sua orientação sexual, então apesar de serem bastante íntimos, ficou a dúvida. 
Aqui acompanhamos situações que ocorreram seguindo duas escalas temporais, alternando entre passado e presente, e nos dão contexto para a publicação que o Pedro coloca no fórum da internet. Isto é um exemplo que muitas vezes relata a realidade. Quantos de nós já optamos por desabafar ou se aconselhar com alguém que está do outro lado do ecrã? 
A Internet permite até certo ponto manter o anonimato e creio que isso é que faz as pessoas se abrirem mais do que com pessoas do quotidiano, pois sentem que não serão julgadas.
Achei muito interessante um aspecto que foi abordado pelo autor, a temática das cores e seus efeitos psicológicos nos indivíduos. Mais tarde o Pedro associou o Henrique às cores, como forma de descrevê-lo e acabou por assumir que ele tinha um pouco de tudo. Já o próprio, admitiu ser cor cinza mas ao estar com o Henrique, ganhava outras cores. Que maneira gira de expressar sentimentos. 
Algumas atitudes entre ambos são muito românticas, ver as estrelas, colocar a cabeça no ombro, estar deitado "fazendo vários nadas", só conversando, ocasionalmente trocar prendas. Atenção que não estou apelando ao consumismo nem à futilidade, pois prendas simbólicas têm muito significado e o autor soube explorar isso. O facto de nomear uma descoberta com o nome de outro é o auge! 

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