quinta-feira, 9 de abril de 2015

O fim da era da razão [Conto], de Liliana Novais - Opinião


Opinião:
O conto é relatado na época natalícia, no seio de uma família que, como tantas outras, sentia o peso da crise que atravessa o país. Com algum esforço suplementar, o avô do Manuel conseguiu comprar livros, ele tinha o dom de saber o que os familiares precisavam de ler consoante o estado de espírito. 
Fora criado o Ministério do livro e quem os possuísse seria obrigado a registá-los, porém ele não o fez. Assim, foi levado por homens que vieram inquirir acerca do paradeiro dos livros, uma vez que negava tê-los. Ele deixou ao Manuel a responsabilidade de arranjar um local seguro para mantê-los.
Ao longo do tempo, outros detentores de livros não registados eram levados das suas casas, sem se saber do seu paradeiro ou do seu destino. A situação piorou quando o governo decretou que os proprietários dos livros teriam que levá-los às bibliotecas municipais e entregá-los às autoridades, pois achavam que "um povo ignorante é mais fácil de controlar do que um povo culto". Passado um tempo, os seguintes alvos foram as editoras, as livrarias e a internet, que inclusive foi desligada. 
Foi criado um grupo secreto, a Resistência, cujos comandantes pretendiam tentar salvar os livros aprisionados. O Manuel tornou-se membro e os seus livros eram trocados para que a leitura fosse possível a outros.
A história conta-nos como os livros foram banidos da sociedade em questão, o que originou uma crescente ignorância por parte do povo, e era essa a intenção do governo. Para muitos, o pensamento livre é um perigo, e os livros, a consequente intelectualidade e o conhecimento, são a força motriz que gera pensamentos e ideias. Isto representava a antítese do desejo governamental, que pretendia controlar os populares.
Achei que alguns aspectos poderiam ter sido mais aprofundados, como exemplo, a personalidade do protagonista e o movimento da resistência. Creio que dariam mais intensidade à história. Por outro lado, apreciei o espírito jovial e rebelde do avô, que nos é confirmado pela missiva deixada ao neto, que instigava-o a não se submeter e para não deixar morrer a cultura. Ao deixar a tarefa nas mãos do Manuel, o legado da família e da humanidade permaneceria intacto.
O conto está disponível online aqui.

2 comentários:

  1. Não costumo ler contos, tenho de começar a ler porque há alguns com opiniões muito positivas.

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    1. Eu também não lia, mas quis iniciar um segmento novo e divulgar os autores portugueses...e foi assim que começou :)

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