domingo, 30 de agosto de 2020

Black enough, stories of being young & black in America, de Ibi Zoboi - Opinião


Título original - 
Black enough, stories of being young & black in America
Sinopse: Black Enough is a star-studded anthology edited by National Book Award finalist Ibi Zoboi that will delve into the closeted thoughts, hidden experiences, and daily struggles of black teens across the country. From a spectrum of backgrounds—urban and rural, wealthy and poor, mixed race, immigrants, and more—Black Enough showcases diversity within diversity.
Whether it’s New York Times bestselling author Jason Reynolds writing about #blackboyjoy or Newberry Honor-winning author Renee Watson talking about black girls at camp in Portland, or emerging author Jay Coles’s story about two cowboys kissing in the south—Black Enough is an essential collection full of captivating coming-of-age stories about what it’s like to be young and black in America.


Opinião:
Este título foi a opção de leitura para Agosto no bookclub, no primeiro mês no qual não "tivemos mão" na decisão. Os administradores elegeram este título com o intuito de apoiar "black lives matter" ou BLM, após a trágica morte do George Floyd por abuso policial. Paz à sua alma.
Não sabia ao certo o que esperar visto que não li a sinopse, porém deparei-me com uma obra editada por Ibi Zoboi que reune trabalhos de variadissimos autores numa antologia.
A premissa do livro é uma colecção de histórias curtas, que dá voz a uma panóplia de realidades, cada qual à sua maneira, tendo em comum o facto de os intervenientes serem todos jovens e tendo os Estados Unidos da América como background.
Este não é propriamente o meu tipo de leitura então é bom variar e conhecer novos projectos. Apesar de ter sido uma leitura que me manteve entretida e abordou alguns temas interessantes tais como LGBT e minorias, confesso que achei que algumas das histórias deixaram muito a desejar, ao passo que outras tocaram-me ou deixaram uma mensagem subjacente.
★★★

terça-feira, 21 de julho de 2020

Rebecca, de Daphne du Maurier - Opinião

Título original - Rebecca
Editora: Editorial Presença
Sinopse: Publicado em 1938, Rebecca é talvez o romance por que Daphne du Maurier é hoje mais lembrada. Ao lê-lo entramos numa atmosfera onírica, sombria, alimentada por segredos que os códigos sociais obrigam a permanecer ocultos e que se concentram na misteriosa mansão Manderley. É para esta mansão que a narradora, uma jovem humilde, vai viver com o viúvo Maxim de Winter, ao aceitar o seu pedido de casamento. Mas então descobre que a memória da falecida esposa, Rebecca, se encontra ainda viva e que esta era tudo o que ela nunca será. À medida que o enredo se desenvolve, ela terá de redefinir a sua identidade num cenário em que os sonhos ameaçam tornar-se pesadelos…

Opinião:

Outro mês, outro livro do bookclub. Agradam-me imenso estas leituras e a ideia de ir trocando ideias com os outros integrantes. Este é o meu primeiro contacto com o trabalho da autora e desde já vos digo que não li a sinopse.
A protagonista é uma jovem inexperiente e sem familiares, que de forma inesperada, se apaixonou e casou-se com Maxim de Winter, um homem rico, bastante mais velho, proprietário de Manderley. É evidente pelas atitudes, maneira de estar e vestimenta, a sua proveniência de origens modestas e a sua tenra idade, o que nunca foi visto como um entrave. Mas ao chegar a Manderley, tais características são-lhe apontadas, em segredo. 
Todos estão surpresos com a nova Mrs. de Winter, por ser tão diferente da primeira Mrs. de Winter, Rebecca. A Rebecca faleceu mas está muito presente na mente de todos e na própria casa, cujo quarto, decorações e tradições ainda se mantêm.
A protagonista logo se inteira disto e recusa-se a fazer mudanças, tímida e introvertida, ela tenta adaptar-se à sua nova vida e à situação em que se encontra, mas de facto, não consegue deixar de se comparar à falecida e julga que nunca estará à sua altura.
Acho curioso o facto de nunca se descobrir o nome próprio da personagem principal, pelo menos não me recordo de alguém mencionar. 
Basta passar os olhos no blogue para se perceber que não sou pessoa muito chegada a clássicos e sinceramente, achei tediosas várias passagens da obra devido a serem bastante descritivas. Entendo que possa ser característico da época, então aguentei e segui em frente pois o suspense manteve-me interessada e eu realmente queria saber o que tinha-se passado com a Rebecca e o motivo de ser uma pessoa muito estimada. Perguntei-me "como é que alguém consegue agradar a todos"?
A percepção veio e não foi nada de extraordinária mas surpreendeu-me bastante, confesso que estava à espera de algo de teor sobrenatural. E ainda o mistério envolvendo a morte da Rebecca, uma perita em velejar, foi uma surpresa, bem como quanto ao carácter e a verdadeira natureza da personagem, que não era o que seria de esperar de uma dama amada por todos.
É como se diz, uma história tem sempre dois lados.
★★★


O livro teve adaptação cinematográfica que adoptou o título da obra. Noticias recentes indicam que a Netflix irá também ter uma nova adaptação.

sábado, 18 de julho de 2020

Como falar com raparigas em festas, de Neil Gaiman, Fábio Moon, Gabriel Bá - Opinião

Título original - How to talk to girls at parties
Editora: Bertrand Editora
Sinopse: Enn tem 16 anos e não compreende as raparigas, ao passo que o seu amigo Vic parece já ter tudo na ponta da língua. Mas ambos apanham o choque da sua vida ao depararem com uma festa em que as raparigas são muito mais do que aquilo que aparentam ser…

Opinião:
Os dois amigos Enn e Vic não poderiam ser mais diferentes, não apenas fisicamente mas também em termos de personalidade. Naquele dia iam para a festa da Alison, que tinham conhecido num intercâmbio de estudantes na Alemanha.

Os amigos logo perceberam que encontravam-se no local errado, e com isso, estavam numa festa que não tinham sido convidados. O que parecia ser uma típica festa era na verdade um passo no processo de conhecimento, uma vez que todos os presentes eram turistas.
Esta é uma breve história do conceituado Neil Gaiman num contexto de graphic novel, contudo não achei nada particularmente extraordinário. A arte é gira e a história teve um "twist" divertido, uma leitura breve para uma tarde em casa.
★★★

segunda-feira, 6 de julho de 2020

O Adeus a Zoë, de Alyson Noel - Opinião

Título original - Saving Zoe
Editora: IN
Sinopse: A Echo é uma típica adolescente de 15 anos, que tenta sobreviver à escola sem ficar traumatizada com os problemas com os namorados, os dramas das amigas e as questões escolares. E, como se isto não bastasse, está ainda a recuperar do assassínio da sua irmã Zoë, uma tragédia que mudou a sua vida por completo. E, quando o antigo namorado da Zoë lhe entrega o diário da irmã, a Echo pensa que não há lá nada que ela já não saiba, mas, à medida que vai cedendo à curiosidade e o vai lendo, descobre que a sua irmã guardava um segredo que ninguém poderia imaginar, nem mesmo ela.

Opinião:
Estamos perante um título young adult, contemporâneo que fala sobre a perda de um ente querido, ou assim o julgava, contudo acaba por ser muito mais do que isso.

Um ano após o assassinato brutal da Zoë, a Echo ainda tem bastante presente a tragédia que alterou a sua família para sempre. A sua irmã permanece inalterada na sua memória como uma jovem extrovertida, confiante, destemida e com o sonho de obter fama.
Ninguém é um livro completamente aberto, as pessoas passam uma imagem de si porém todos guardam segredos, e a Echo descobre que a irmã não é a excepção, quando obtém o seu diário.
Confesso que de inicio não estava a gostar muito desta obra porém quanto mais lia, mais interessada ficava. A narrativa alterna entre o quotidiano da Echo e as entradas do diário da Zoë, que nos são apresentadas cronologicamente até ao dia da sua morte. 
É evidente que as irmãs são bastante diferentes e com isto, gera-se uma crise de identidade. Quanto mais explora o diário, mais as incertezas da Echo aumentam, já que não consegue deixar de se comparar à irmã e julga que nunca estará à sua altura.
Na minha opinião, pareceu-me um indício de algum desequilíbrio quando a Echo estava a ter momentos privados com rapazes e pensava na irmã, foi estranho, parecia querer-lhe impersonar. Em contrapartida, noutras situações, compreendi que eram a sua forma de lidar com o luto e de se sentir mais próxima da irmã. 
O facto foi que esse comportamento errático levou-a a conviver com indivíduos de carácter dúbio que lhe podiam ter magoado, segundo constam as revelações pertubantes do diário.
Este livro tem várias mensagens importantes, que alertam para o consumo de drogas, para o risco de andar com más companhias e o que estas podem compelir a fazer, e ainda para os perigos da exposição nas redes sociais e outras plataformas online. O Mundo está repleto de predadores, ninguém sabe realmente quem está do outro lado ou quais as suas intenções. Com esta obra, a autora enfatizou que os predadores podem estar online e podem também estar por perto. Já dizia a minha avó "todo o cuidado, é pouco".
★★★★

O filme tem o mesmo título.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Falling into place, de Amy Zhang - Opinião

Título original - Falling into place
Sinopse: Inertia, force, mass, gravity, velocity, acceleration... cause and effect.
Liz Emerson doesn't understand any of it.
But I do.
I understand how we fall. Where we fall. Why we fall.
I understand her sadness and loneliness and silence, her shattered heart.
It doesn't have to be this way, does it?
It wasn't always this way, was it?
Stay alive, Liz Emerson, stay alive.

On the day Liz Emerson tries to die, they had reviewed Newton's laws of motion in physics class. Then, after school, she put them into practice by running her Mercedes off the road. Why did Liz Emerson decide that the world would be better off without her? Why did she give up? The nonlinear novel pieces together the short and devastating life of Meridian High's most popular junior girl. Mass, acceleration, momentum, force—Liz didn't understand it in physics, and even as her Mercedes hurtles toward the tree, she doesn't understand it now. How do we impact one another? How do our actions reverberate? What does it mean to be a friend? To love someone? To be a daughter? Or a mother? Is life truly more than cause and effect? Amy Zhang's haunting and universal story will appeal to fans of Lauren Oliver, Gayle Forman, and Jay Asher.

Opinião:
A segunda leitura do book club, desta vez sob o género da literatura contemporânea.

A Liz é jovem, bonita, popular e tem amigos valiosos, está no seu auge. Ou assim todos o julgam mas apenas ela sabe como se sente, pelo que decide suicidar-se, encenando um acidente de carro.
O que resume esta obra? Um livro triste que aborda o bullying, depressão e suicídio.
Tem algumas memórias boas mas na maioria, relatam momentos de infelicidade para a protagonista ou para quem sofreu pelas suas mãos, de uma maneira ou de outra. Não senti conexão com a Liz e confesso que a certa altura, eu apenas queria descobrir a identidade do narrador, que foi a grande surpresa deste livro.
Não me pareceu que a obra fosse uma história de redenção, na verdade, pareceu mais uma jovem que reconhece que "praticou o mal" e que se não fosse por isso, as pessoas estariam com menos problemas. Da mesma forma que ela reconhece isso, reconhece também que ficava impune. Isto aliado à sensação de solidão e aos problemas pessoais, impulsionaram a sua decisão de pôr término à vida.
A sua posição de alta popularidade a fez manter uma fachada, porém toda a sucessão de eventos a deixaram num estado de depressão da qual ninguém suspeitou.
Agora numa nota importante, esta foi a jornada de uma rapariga que precisava de ajuda e não soube como a pedir. Todos temos problemas mas não precisamos de os manter só para nós, sobretudo nesta altura do COVID-19, que está a amplificar emoções. Procurem ajuda ou talvez comecem por arranjar alguém para desabafar, que creio que ajuda a tirar algum peso do peito, não é preciso passar por isso sozinho.
★★★

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Text game, de Kate Cann - Opinião

Título original - Text game
Sinopse: Mel can't believe she's going out with the gorgeous Ben. But when she starts receiving nasty text messages from the mysterious Gloria, she begins to have doubts about him. As the situation spirals out of control, things come to a head.

Opinião:
Esta opinião estava em atraso, na secção rascunhos. Tinha começado a preparar e acabou por me passar da ideia. 😂
Este é um livro young adult, típico adolescente, e como tal, dão-se as fases dramáticas típicas da faixa etária. A Mel está a passar por uma fase muito boa no campo afectivo, tendo iniciado uma relação com o jeitoso popular do liceu, o Ben. Tudo é fantástico e emocionante, até começar a receber mensagens no telemóvel enunciando a infidelidade do namorado. As mensagens aumentam em número, e consequentemente, aumenta a insegurança da Mel, que não sabe o que fazer.
As pessoas reagem de diversas maneiras às mais variadas situações. Uma ocorrência pode originar uma infinidade de possibilidades. Creio que existem várias coisas aqui em causa.
A inveja foi o que desencadeou tudo. A cobiça da Gloria pôs em marcha os eventos. Ela semeou a dúvida, que levou à insegurança da Mel. A sua incapacidade de falar com Ben sobre o assunto, acabou deixando-a ansiosa e a resguardar-se um pouco. A situação chegou a um ponto, que roça o bullying.
Com o avanço actual da tecnologia, temos ao nosso alcance o poder de travar a recepção de contactos por parte de outros: é possível bloquear números, e acho que a protagonista deveria tê-lo feito. Ao não cortar o mal pela raiz, a situação escalou, e deu mais sensação de poder à Gloria.
Com esta leitura, julgo que ficaram evidentes alguns aspectos, nomeadamente o poder de sugestão sobre as pessoas, e também demonstra a importância da comunicação. Sempre ouvi dizer "falando é que a gente se entende".
★★★

Ele não está assim tão interessado, de Greg Behrendt, Liz Tuccillo - Opinião

Título original - He’s just not that into you: The no-excuses truth to understanding guys
Editora: Editorial Presença
Sinopse: Destinada a compreender as relações homem-mulher, a colecção "Nós e Os Outros" da qual agora a Presença inicia a publicação, é um bestseller de vendas nos Estados Unidos, da autoria de dois guionistas da série Sexo e a Cidade. Um livro que ajudará as mulheres a compreenderem a psicologia masculina e a ultrapassarem o preconceito de que nem todos os homens estão interessados nelas. A sua cabeça anda à roda. Porque razão ele não lhe liga? Será que está numa cama de hospital? Com amnésia? Será gay? Ou simplesmente terminou recentemente uma relação e precisa de espaço? Ele Não Está Assim Tão Interessado significa que ele não lhe vai telefonar, que não pergunta por si, e que não a vai pedir em casamento. O mito de que eles estão demasiado ocupados para lhe ligar, é abordado com realismo pelos autores, que enunciam respostas tipo utilizadas pelos homens enquanto desculpa "esfarrapada" para não a contactarem no dia seguinte. Provocativa, hilariante e libertadora, é uma colecção escrita por homens mas dirigida às mulheres.

Opinião:
Estava à procura de uma leitura rápida e leve, depois da torrente de emoções que foi Espera por mim. Ao ver a capa, notei que tinha sido adaptado às grandes telas e com actores regularmente associados a comédias, e pensei, porque não?
Todavia, o que tinha entre mãos não era propriamente uma comédia romântica mas algo no campo da auto-ajuda.
O conceito é simples, navegamos pelo livro com vários cenários vividos por diversas mulheres, para os quais o Greg dá a sua honesta apreciação masculina, sem papas na língua, enunciando o significado da atitude (ou falta dela). Em seguida, a Liz intercede e apresenta o ponto de vista feminino. Ao fim de cada parte, temos os tópicos chave a reter, e alguns exercícios, bem ao género "o que aprendemos depois de ler".

Certas situações foram engraçadas, algumas foram didácticas e outras deram dó, pois algumas mulheres encontravam-se em situações embaraçosas. Imensa gente investe tempo em relações e noutras pessoas, ou mesmo na ideia do que poderá vir a ser, mas pelo que li, muitas vezes, os sinais de insucesso estão todos lá. 
Acredito que os homens não são todos iguais, porém, e de acordo com o Greg e a sua descrição de comportamentos padrão, agora julgo que alguns comportamentos poderão estar inerentes nalguma fase da vida amorosa.
Esta leitura é adequada a quem já passou por decepções amorosas (quem nunca?). Por vezes estamos tão envolvidas, que não vemos coisas que são tão óbvias. Já nos sentimos tão inseguras, tão pequenas, que achamos que nos devemos acomodar. 
Esta obra está aqui para mostrar que temos que reconhecer o nosso valor, e nos recusarmos a aceitar alguém que nos faça duvidar de nós mesmas.
★★★

O livro foi adaptado ao cinema.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Espera por mim [If I stay 2], de Gayle Forman - Opinião

Título original - Where she went
Saga: If I stay #2
Editora: Editorial Presença
Sinopse: Passaram três anos desde que o amor de Adam ajudou Mia a recuperar após o trágico acidente que vitimou a sua família – e três anos desde que Mia decidiu afastá-lo da sua vida sem lhe dar explicações. Quando uma noite os seus caminhos se cruzam na cidade de Nova Iorque, ambos têm a oportunidade de se confrontar com os fantasmas do passado e de abrir o coração ao futuro.

Opinião:
Já tem imenso tempo que li Se eu ficar, recordo-me que na altura fiquei impressionada com o acidente, e toda a perda descrita. Perdi o meu pai há menos de um ano, e foi o mais difícil que me aconteceu.
Três anos passaram desde a que a Mia despertou e saiu da vida do Adam, sem nunca olhar para trás.
A Mia é agora um prodígio do violoncelo, formada pela Juilliard, e o Adam, uma estrela mundial de rock. Quis o destino que os seus caminhos se cruzassem uma última vez, antes de retomarem as suas rotinas insanas.
Neste volume, temos a perspectiva do Adam, o que se revelou uma surpresa. Foi difícil mas resisti e não li a sinopse. Quase tudo o que leio tem voz feminina, então foi uma mudança bem-vinda.
A narrativa alterna entre o passado e o presente, de uma forma que nos mostra como as situações evoluíram até “o agora”.
Dou crédito à perseverança da Mia, que se agarrou ao seu sonho e fez dele um farol, para se guiar através da dor.
Já o Adam perdeu o rumo. Porém o encontro com Kim, foi catártico e toda a dor e frustração desencadearam eventos que definiram a sua vida de modo permanente. Saiu da estagnação, e tornou-se famoso, o que para muitos é o auge da vida.
Conquistou imenso, mas ele esteve só, infeliz e amargurado a maior parte do tempo. Agradou-me que a autora não tenha cometido o cliché de escrever um astro que tenha cedido a vícios associados às celebridades.
Dois aspectos muito positivos foram: explorar Nova Iorque à noite, e descobrir atracções interessantes, que não são pontos de interesse principais ligados à cidade. Este último, é das coisas que procuro quando planeio explorar um local novo.
Cada um lida com o luto à sua maneira, não existe uma forma padrão. O entendimento do que cada um teve que lidar, e uma conversa honesta, no tempo adequado, permitiram que ficassem mais perto de curar feridas antigas e se achar “closure”.
Gostei mais desta sequela, que foi também uma história dramática, uma verdadeira montanha russa de emoções. Foi bom acompanhar a interacção do par, e ver a música como um factor que ajuda a sarar e que une mundos. 

★★★

Book trailer

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Queen song [Red queen 0.1], de Victoria Aveyard - Opinião

Título original - Queen song
Saga: Red queen #0.1
Sinopse: Queen Coriane, first wife of King Tiberias, keeps a secret diary—how else can she ensure that no one at the palace will use her thoughts against her? Coriane recounts her heady courtship with the crown prince, the birth of a new prince, Cal, and the potentially deadly challenges that lay ahead for her in royal life.

Opinião:
Já afastada desta saga há imenso tempo, não me recordava muito do enredo, excepto alguns pontos chave. Confesso que tenho o volume 2 a apanhar pó há anos, então optei pela reintrodução com esta breve história.
Somos sugados por este universo pela mão da Coriane, uma Prateada de uma família não proeminente que conquista o coração do príncipe herdeiro, Tibe. Conhecemo-la na adolescência, altura em que começa a manter um diário.
Somos introduzidos ao modo como vive, à relação com os familiares, ao seu carácter curioso, às rivalidades que desperta. Ela não é a típica mocinha que esperam que seja, embora se esforce, mas é esta sua faceta distinta que cativa Tibe.
Quezílias surgem na sociedade quando percebem que a Prova Real não terá lugar. Essa é a competição para eleger a "filha mais talentosa" que é quem se casa com o futuro rei. Muitos ficam desagradados. A Coriane escreve no diário as suas frustrações e medos: acontecimentos posteriores ao matrimónio levantam suspeitas de ter a mão de algum malfeitor. 
A impressão que eu fiquei, é que apesar de ela ter agido e procurado se informar, de algum modo, algo lhe escapou. Lembrei-me também do ditado popular, "se queres alguma coisa, fecha a boca e não digas a ninguém". Foi a partir desse instante que as coisas melhoraram, ainda que temporariamente. Isso, e ter arranjado um silenciador.
Já se sabia do destino trágico que a rainha Coriane teve, houve menção no volume Rainha vermelha. Contudo, após esta leitura, fica bem evidente que certas pessoas não olham a meios para atingir os fins. 
Fiquei na dúvida se a opositora se tornou dama de companhia ou se terá manipulado alguém, para que pudesse ter acesso ao diário, e ainda, se manipulou apenas a condição mental ou também a atitude da rainha.
Os aspectos positivos que mais me chamaram a atenção foram: a relação ser fruto de amor verdadeiro, o facto da rainha dar valor aos Vermelhos e a maneira como interagia com o Cal, especialmente, montando juntos os brinquedos que ele estragava.
★★★

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Anya's Ghost. de Vera Brosgol - Opinião

Título original - Anya's ghost
Sinopse: Anya could really use a friend. But her new BFF isn't kidding about the "Forever" part. Of all the things Anya expected to find at the bottom of an old well, a new friend was not one of them. Especially not a new friend who’s been dead for a century.
Falling down a well is bad enough, but Anya's normal life might actually be worse. She's embarrassed by her family, self-conscious about her body, and she's pretty much given up on fitting in at school. A new friend—even a ghost—is just what she needs.
Or so she thinks. Spooky, sardonic, and secretly sincere, Anya's Ghost is a wonderfully entertaining debut from author/artist Vera Brosgol.

Opinião:
A minha estreia com a autora deu-se por acaso, nas sugestões do GR. Tinha lido recentemente "O azul é uma cor quente" e estava com disposição para mais uma graphic novel, pelo que a capa chamou-me a atenção e a sinopse captou o meu interesse.
O livro é bonito, a arte é simples mas entretente, composta por um background assim meio preto e branco, com muitas oscilações de cinzento e julgo que lilás, o que é bom, pois não nos distrai muito da narrativa, efeito que pode ser produzido com cores muito garridas. Abaixo segue o book trailer para espreitarem.
A Anya é uma estudante um tanto anti-social, desiludida com a vida que leva. Um dia, chateada, falta à escola para andar num parque, e cai num buraco. Ao fim de dois dias é encontrada mas não vem sozinha. 

Antes dela, já outra rapariga tinha caído no mesmo local sem nunca ter sido descoberta. Durante anos, o seu espírito permaneceu lá, ligado às suas ossadas. Por um acaso, é-lhe permitido sair e vir para o mundo, neste século. A Emily passa a ser a companhia de Anya e tornam-se amigas.
Pode-se dizer que a Emily veio melhorar a vida da Anya, em muitos aspectos. Ela realmente sentia-se mais feliz, confiante e realizada, sobretudo quando começou a ser notada pelo Sean. A
 sua amiga, Siobhan, tem opiniões divergentes relativamente ao moço, o que origina um desentendimento.
Achei tosco, virar as costas à única amiga que tem, por estar a alertá-la para a possibilidade de ele poder magoa-la, quando isso apenas demonstra afecto e preocupação. Talvez por ser uma adolescente, ainda não tem a capacidade ou discernimento para entender isso, vendo apenas a sua versão das coisas.
Para Anya, não importa, uma vez que tem uma nova amiga que aprova o Sean, e dispôs-se a ajudá-la (outra parvoíce, substituir a antiga amizade por algo novo). Como retribuição, a protagonista propõe investigar sobre o assassino, para que ela possa partir em paz.
A trama abrange temas como a necessidade de aceitação pelos colegas, principalmente quando as suas raízes são de tão longe, e correndo o risco de sofrer preconceito, a subsequente indispensabilidade, auto-imposta, de se encaixar nos padrões, o bullying, a inacção de mudar o seu percurso para se afastar do que é danoso.
Temos aqui outra situação daquelas que, nem tudo é o que parece. A solidão e o desejo de pertencer a algo, limita a visão das pessoas, e os predadores estão à espreita.
Eu achei bem creepy, a Emily desenvolver uma obsessão pelo que se passa na vida da Anya, parecia querer viver através dela. Foi bem inesperado e "deu uma agitada" na história.
Com a progressão da narrativa, nota-se um crescimento da personagem principal, o que aconteceu, fê-la parar, e em retrospecção, contribuiu para a aprendizagem de algumas lições de vida. Achei sobretudo bonito ela ter descoberto a empatia.
Talvez o final pudesse ter sido um pouquinho mais desenvolvido, mas não deixa de ser uma obra bastante envolvente, que devorei de uma vez.
★★★★ 

Book trailer

sexta-feira, 29 de maio de 2020

The ghostwriter, de Alessandra Torres - Opinião

Título original - The ghostwriter
Sinopse: Four years ago, I lied. I stood in front of the police, my friends and family, and made up a story, my best one yet. And all of them believed me.
I wasn't surprised. Telling stories is what made me famous. Fifteen bestsellers. Millions of fans. Fame and fortune.
Now, I have one last story to write. It'll be my best one yet, with a jaw-dropping twist that will leave them stunned and gasping for breath.
They say that sticks and stones will break your bones, but this story? It will be the one that kills me.
This book is not a romance. It is contemporary fiction, but very suspenseful in nature. It is about a famous romance author and a dark secret she keeps.


Opinião:
Deparei-me com esta obra por meio de um novo projecto português conjunto do qual participo, o Tearing Pages Book Club, iniciado este mês, que tem uma premissa muito interessante.
Resumidamente, há uma leitura mensal de um género eleito por nós, porém o título é escolhido pela administração, sendo por isso um elemento surpresa. Nós temos metas diárias de leitura que variam consoante o livro, e ao terminar, o pessoal reúne-se online para trocar ideias. As leituras serão maioritariamente de livros em inglês.
Helena Ross, popular autora best seller de romances, decide reformar-se e cancelar todos os projectos pendentes, para escrever o seu último livro. Com uma nova condicionante, o prazo inicialmente planeado é encurtado, e há imenso a ser tratado.
Como mulher independente e orgulhosa que é, Helena delibera o impensável e recorre a um ghostwriter. Decidida a iniciar imediatamente esse derradeiro projecto, ela não gosta, porém sabe exactamente quem está apto para o cargo.
Sendo eu uma pessoa mais virada para o campo da fantasia, é sempre revigorante ler um género literário diferente. Temos aqui um thriller e de uma autora que não conhecia, cujo foco parece estar no romance erótico. Li outras sinopses e existe a possibilidade de ler noutro estilo, futuramente.
A trama está escrita na primeira pessoa quando se trata de Helena e na terceira pessoa, para os restantes intervenientes. Nas passagens de Helena, frequentemente intercala-se a narrativa com o texto do seu livro, auto-biográfico, sobre a sua história de amor com o esposo Simon, e todos os anos que estiveram juntos. Concluída a leitura, achei que "the ghostwriter" não foi propriamente um título que se encaixasse bem, pois levou-me a pensar que seria o objecto central, e está longe disso.
Eu nunca tinha visto uma protagonista com tão mau feitio, uma pessoa intragável! Abandonada pelo pai, nunca se sentiu próxima à mãe psiquiatra, sentindo-se constantemente analisada. Com competências interpessoais bastante limitadas, foi surpreendente ler como encontrou o amor e como, com o tempo, encontrou redenção. A proximidade à revelação do segredo, a se libertar daquele fardo, permitiu-lhe abrir-se mais e aceitar que outros fizessem parte da sua vida.
Os pais são livres de educar os filhos à sua maneira, não existe O manual de parentalidade mas existem orientações. Compreendo que a Helena não era de muitos floreios nem histórias da carochinha, o que pode ser benéfico em alguns aspectos, já que a criança fica mais ligada à realidade, mas ela cruzou muitos limites! Sinceramente, eu fiquei pasma com conteúdos inapropriados para uma idade tão tenra.
O amor é complicado. Pode durar uma vida ou um sopro. Jamais, repito, jamais me passou pela cabeça o que viria a acontecer no livro! Todavia, foi exactamente isso que o tornou tão interessante. Após uma boa introdução e construção da história, achei parte do livro uma enrolação. Em retrospectiva, julgo que talvez fosse a tentativa da autora de humanizar a Helena.
Não tinha expectativas para este livro, que acabou por se revelar uma boa surpresa. Nenhum dos cenários que imaginei corresponderam à realidade, e no meu ver, esse é o elemento-chave desejado em thrillers.
★★★★

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Sister [Mary Hades 1.5], de Sarah Dalton - Opinião

Titulo original - Sister
Sinopse: In 1997 Isabel Quirke sits down to write a letter to her sister. A letter she never intends to send. Within the pages of that letter she describes the frightening events that lead up to the disintegration of their relationship.
Susan Quirke, before she became Susan Hades--mother of Mary--goes through a transformation so extreme it changes her forever. Her younger sister Isabel can only watch.
This short story can be read as a companion to the Mary Hades series.

Opinião:

Terminada Mary Hades, lancei-me de imediato em Sister, que seria o volume 1.5 da saga da britânica Sarah Dalton. A obra inicia-se com a acção no tempo presente, com a Mary a ir visitar a tia Izzy para verem a passagem do mesmo cometa que passou, quando a sua prima, Lila nasceu. Tudo acerca da Lila sempre foi fascinante, mas apesar disso, foi Mary que nasceu com o dom. 
Ali, algo sucede e julgo que isso é que dá o mote à introdução da carta, uma memória distante. É então que a narração passa a ser relativa ao passado, uma carta da Izzy para a Susan, mãe da Mary, quando ainda eram jovens.
Achei que estava a ser uma história emocionante, sobre perda. Sobre feridas do passado que ficam abertas por muito tempo. Sobre seguir em frente. À medida que fui lendo, a missiva foi "se desenrolando", e a memória foi sendo revelada, o meu pensamento mudou, assim como a minha forma de estar. 
Não sei do que eu podia estar à espera, mas garanto que nunca imaginei aquilo. Fui tomada de surpresa e não conseguia parar de ler. Arrepios tomaram conta de mim. Até agora nem sei se entendi tudo bem.
Não vou tecer grandes comentários pois não quero estar aqui a fazer revelações, sobretudo sendo uma obra curta. Imagino que terá sido escrita para introduzir uma ideia para o livro seguinte, algum aspecto de relevo que será explorado, ou simplesmente para se conhecer parte da história familiar, e ficarmos a saber que a Mary não foi a única com o sobrenatural no seu histórico. É capaz de ter sido o volume com mais horror até agora.
Ficamos a saber sobre a família materna da Mary, nomeadamente sobre a sua mãe, o seu passado enquanto jovem e da sua relação com a Izzy, a sua irmã mais nova,
Aqui assistimos, sob diversas perspectivas (aconteceu com algumas personagens), que uma decisão estúpida e inconsequente, para nos fazer sentir mais vivos ou, reforço, apenas mesmo por estupidez, pode dar para o torto, de forma rápida e permanente. E os seus efeitos vão estar lá, esperando. Muitas vezes, não apenas para quem perpetua as acções, mas envolvendo também quem os rodeia, magoando quem os ama. 
★★★

sábado, 16 de maio de 2020

Mary Hades [Mary Hades 1], de Sarah Dalton - Opinião

Título original - Mary Hades
Saga: Mary Hades #1
Sinopse: Not many seventeen year old girls have a best friend who’s a ghost, but then Mary Hades isn’t your average teenager.
Scarred physically and mentally from a fire, her parents decide a holiday to an idyllic village in North Yorkshire will help her recover. Nestled in the middle of five moors, Mary expects to have a boring week stuck in a caravan with her parents. Little does she know, evil lurks in the campsite…
Seth Lockwood—a local fairground worker with a dark secret—might be the key to uncovering the murky history that has blighted Nettleby. But Mary is drawn to him in a way that has her questioning her judgement.
Helped by her dead best friend and a quirky gay Goth couple, Mary must stop the unusual deaths occurring in Nettleby. But can she prevent her heart from being broken?
The first in a series of dark YA novels, Mary Hades follows on from the bestselling Kindle Single 'My Daylight Monsters'. A spine-tingling tale with romance, readers will be shocked and entertained in equal measure.


Opinião:
Tencionava ler este volume logo após My daylight monsters, o que não se proporcionou, mas agora com imenso tempo livre entre mãos devido à quarentena imposta, peguei nele.
Como sabem, o volume anterior foi do meu agrado. Jamais tinha gostado tanto de um livro que não integra a numeração de livros originais pensados para uma saga, sendo o referido, o volume 0,5. Ou assim o julguei, depois vim a descobrir que afinal Mary Hades é que partiu da ideia iniciada em My daylight monsters.
A acção decorre alguns meses após os acontecimentos do hospital Magdelene, os pais da Mary tentam-lhe proporcionar algum sentido de normalidade e vão de férias para um parque de caravanas no norte da Inglaterra.
Com eles, vai também a melhor amiga, agora fantasma, Lacey, que morreu no final do volume precedente. Mary é a única que pode vê-la, apesar de apreciar a sua companhia, sente-se culpada pela sua morte.
O que ia ser uma semana de tranquilidade no campo, rapidamente se torna agitada com o aparecimento de uma das "coisas". Isso é um mau presságio, que logo vemos, precede uma morte. 
Quanto mais a Mary descobre sobre a localidade, mais nota que algo sinistro está no epicentro de mortes que têm vindo a ocorrer. É então que olha para a história da vila, e parece ter achado a origem macabra dos acidentes.
Achei curioso a Lacey falar das possibilidades pós-morte, especialmente, quando refere que com elevada concentração, podia revelar-se a humanos sem sensibilidade para o paranormal, e igualmente, com treino, consegue ter, própria e gradualmente, algum contacto com objectos.
Ao revelar-se ao Neil, a Lacey acaba por desabafar os seus medos e frustrações, algo que não tinha partilhado com a Mary antes. Isto mostra-nos uma realidade; por vezes somos tão próximos das pessoas, que não conseguimos nos abrir totalmente, podendo ser mais fácil se expressar com alguém que disponha de outra perspectiva, e que não temos receio que vá ficar facilmente magoado/preocupado.
Relativamente ao Seth, quanta consideração, e às vezes a roçar o cavalheirismo! Foi bom ele ter surgido, o que quer que fosse, sabíamos que iria ser por apenas uma semana, mas mesmo assim...Quantas vezes as pessoas falam sobre "não importa o tempo que dura, mas o que se vive com a pessoa"? (ou algo do género) Parece-me que esse foi outro aspecto que a autora quis transmitir. Por vezes as pessoas entram na nossa vida e têm tanto impacto, que alteram a nossa visão e percepção das coisas.
Fiquei bastante surpresa quando descobri o segredo obscuro que carregava. Foi um bocado chocante mas de facto era a chave para o que vinha acontecendo em Nettelby.
Pouco tempo se passou, porém os laços que os personagens criaram, aquilo que viveram e o que viram, foi bem impactante nas suas vidas, cada um à sua maneira. Com isso, surgiram decisões e consequências, todavia houve também descoberta. A Mary encontrou um propósito para utilizar o seu dom e decide persegui-lo, com a Lacey.
Numa nota final, o conceito do Athame, o que permite e como funciona, está muito interessante, com certeza voltaremos a vê-lo em acção brevemente.
★★★★

Book trailer 

segunda-feira, 11 de maio de 2020

O Azul é uma cor quente, de Julie Maroh - Opinião

Título original - Le bleu est une couleur chaude
Editora: Arte de autor
Sinopse: Este livro conta-nos a história de Clementine, uma adolescente de 15 anos, que um dia se cruza na rua com um par de raparigas. Uma delas tem o cabelo pintado de azul e sorri-lhe. A partir desse preciso momento, tudo muda na vida de Clementine: a sua relação com os amigos na escola, a sua relação com a família, as suas prioridades... e sobretudo a sua sexualidade. Através de textos do diário da protagonista, o leitor acompanha o primeiro encontro de Emma e Clementine que tentam amar-se apesar das dificuldades implícitas na visão da homossexualidade por parte da sociedade e dos próprios preconceitos de Clementine.
É difícil saber o que é o amor e que aspecto assume, mas o amor entre as duas caminha entre as descobertas, tristezas e maravilhas dessa mesma relação.
Para além de ser uma obra premiada (teve, entre outros o Prémio do Público do Festival Internacional de Angoulême), O Azul é uma cor Quente é a BD que inspirou o filme A Vida de Adéle, de Abdellatif Kechiche, o qual ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, em 2013.

Opinião:

Quando a Clementine se cruza com uma estranha de cabelo azul, a sua vida muda. Tudo o que acreditava, tudo o que achava saber deixou de estar claro, levantam-se imensas dúvidas e crescem os sentimentos de confusão. Atravessar a adolescência é complicado, mais ainda se houver incertezas quanto à preferência sexual. 
Tomei conhecimento deste título através de uma votação num grupo do GR cuja temática recaiu sobre LGBT e ao ler a sinopse, soube que o ia ler mesmo que não fosse seleccionado. Foi assim que fiquei sabendo que foi adaptado cinematograficamente e inclusive foi galardoado em Cannes, então ver o filme é o próximo passo.
Esta foi a segunda graphic novel que li, se não estiver a contar com as leituras de manga. Toda a arte é composta em preto e branco, à excepção do azul que dá nome à obra. Talvez para ilustrar que a vida da protagonista era sem tonalidade, sem graça até se apaixonar, e depois a Emma tornou-se a cor que veio dar sentido aos dias da Clementine. 
A trama ocorre durante vários anos permitindo-nos assistir ao desenvolvimento da personagem central, o que é interessante de se acompanhar, uma vez que ela passa pela adolescência até se tornar adulta. Somos por isso testemunhas de todo um processo de auto-conhecimento, amadurecimento e a descoberta do amor. Por falar em amor, eu achei que a autora explorou-o de uma forma tão bonita, emotiva e real, mostrando verdadeiramente que o amor é para todos (obviamente). 
A família da Clementine, visivelmente incomodada, teve uma reacção abrupta e isso impactou grandemente a sua felicidade, que acabou por nunca se sentir realizada. Eu confesso, que me impressionou um pouco. 
Esse relato traduz a não aceitação que muitas pessoas estão sujeitas mas não é motivo para não perseguir a felicidade, e acho que essa é outra mensagem que a autora procurou transmitir.
Esta foi uma leitura rápida e envolvente, na verdade li-o todo de uma assentada, incapaz de o "largar".
★★★★


O filme adquiriu o título "La vie d'Adèle".

sábado, 2 de maio de 2020

Levaram Annie Thorne, de C.J. Tudor - Opinião

Título original - The taking of annie Thorne
Editora: Editorial Planeta
Sinopse: Uma noite, Annie desapareceu. Sumiu da sua cama. Houve buscas, apelos. Todos pensaram o pior. E depois, miraculosamente, após quarenta e oito horas, ela voltou. Pensou-se que não queria ou não conseguia dizer o que lhe acontecera.
Mas alguma coisa aconteceu à minha irmã. Não sei explicar o quê. Só sei que quando voltou, já não era a mesma. Não era a minha Annie. Não queria admitir de forma alguma que às vezes tinha um medo de morte da minha irmãzinha…
Agora…
O e-mail chegou à minha caixa de correio há dois meses.
Quase o apaguei de imediato, mas fiz clique para abrir:
SEI O QUE ACONTECEU À SUA IRMÃ. ESTÁ A ACONTECER DE NOVO.
Quando a minha irmã tinha oito anos, desapareceu… mas depois voltou. O pior dia da sua vida não foi quando a irmã foi levada… foi o dia em que ela voltou.

Opinião:
Descobri este livro devido a uma leitura conjunta de um grupo no Goodreads do qual sou integrante há alguns anos, o Read-along, que apesar da denominação inglesa, é inteiramente português, caso queiram se juntar. 

Apesar de não ter estado muito activa nos últimos meses, voltei a prestar mais atenção ao grupo, e confesso que muito se deve à nossa situação actual de quarentena devido ao coronavirus. É muito alarmante e verdadeiramente lamentável o número de vítimas, que até agora têm tendencialmente vindo a aumentar :'-( por isso vamos todos fazer a nossa parte e ficarmos em casa. Se por aí andam muito aborrecidos, sempre podem aderir a um dos desafios literários propostos.
O Joe foi atraído de volta a Arnhill por um email anónimo cujo autor afirma saber o que aconteceu com a irmã dele e disse que se está a repetir. Ele começa a dar aulas na escola local e vai morar no chalé onde foi perpetuado um crime brutal.
Após alguma investigação descobre que a criança que residia lá, teve igualmente desaparecida 48 horas, tal como a sua irmã Annie. Quando ela foi encontrada, não era mais a mesma.
A narrativa decorre no presente mas foca-se sobre o que aconteceu com a Annie, contado pelo Joe, então seguimos também os acontecimentos da sua juventude quando tudo se passou. São essas passagens que vão-nos elucidando acerca das relações interpessoais, os rancores, os medos, a bagagem dos personagens, o que realmente se passou há 25 anos e, mostraram que o passado jamais pode ser verdadeiramente enterrado.
A trama aborda temas variados como o desejo de aceitação social, o bullying, o alcoolismo, o vicio do jogo, e a impressão que cada um deixa na vida dos envolvidos. Contrariamente a outras obras, um aspecto que não esteve presente aqui foi o romantismo e a formação de casal, ficando no ar apenas uma nuance. Isto não é de todo uma crítica, julgo que as interacções foram satisfatórias, dando leveza à trama e sem desviar a atenção do leitor.
Apesar dos vícios, o Joe é uma personagem muito astuta, realmente fez toda a diferença, eu não teria imaginado aquelas descobertas no desfecho! Não achei que me fosse surpreender tanto com este livro mas foi o que aconteceu. A trama tomou outros contornos e ficou bem mais densa, não estava à espera que tivesse teor de horror. 
Gostei de ler este livro e das reviravoltas que tomou, fazemos juízos de valor e afinal nem tudo é o que parece. Recomendo.
★★★★

Book trailer

quinta-feira, 30 de abril de 2020

The wedding favor [Your invitation to romance 1], de Caroline Mickelson - Opinião

Título original - The wedding favor
Saga: Your invitation to romance #1
Sinopse: When Ava McKenna left the neighborhood she grew up in, she never planned to look back. And for ten years she didn’t. Not until Mateo Ortega, the handsome and charming boy next door, showed up to ask for her help. Mateo needed a favor, actually he needed a pretend fiancée, and he thought Ava would be the perfect woman for the charade. Ava knew that she owed the Ortega family a favor but when she looked into Mateo’s gorgeous brown eyes she realized that repaying an old debt might jeopardize her heart.

Opinião:
Esta história surgiu nas sugestões do Goodreads e veio a calhar pois eu encontrava-me com disposição para uma leitura leve e romântica, para me abster da situação do coronavirus.
A Ava mudou-se para outra cidade logo após a morte da mãe e não olhou mais para trás. Mas quando decide pôr a casa à venda, o seu caminho cruza-se novamente com o do seu antigo vizinho Mateo, que lhe pede um favor impensável.
A Ava sente que está em dívida por tudo o que a família do Mateo fez quando ela era jovem, pelo que considera seriamente em aceitar ajudar, mesmo que possa vir a sair prejudicada.
A Ava é uma mulher independente, focada no trabalho, que sabe o que pretende alcançar mas o facto de o Mateo reaparecer na sua vida, faz com que ela começe a questionar-se. O que ele lhe propõe, e o facto de ela estar aberta a essa possibilidade e adicionalmente alterar os termos do acordo, fá-la repensar no que realmente quer para si, para o seu futuro. 
O Mateo é gentil, educado, encantador, exactamente como ela se lembrava, talvez mais ainda. A perda iminente do seu familiar deixa-o destroçado, exactamente como ela ficou tantos anos antes. Ela só quer abraçá-lo e estar perto dele, mesmo que isto lhe vá custar quando a vida retomar à normalidade. 
Juntos fazem um par muito fofo, gostei de ler acerca da sua interacção, que após tanto tempo afastados, os antigos vizinhos criaram um vínculo com base no apoio, empatia e compreensão. A proposta foi surreal porém quando ambos embarcaram nessa aventura, descobriram um novo sentido e perceberam que algo estava em falta.
Adorei a família do Mateo, numerosa, barulhenta, calorosa! Fez-me pensar na minha família e nas saudades que tenho deles. Eu realmente não os vejo desde Janeiro.
Senti um carinho especial pelo senhor O. e fez-me lembrar da minha falecida avó paterna. Ela era muito especial, a matriarca que uniu gerações. Ela vivia com um tio mas todos diziamos que iamos a casa da avó e passavamos sempre lá na noite de Natal.
Eu adorava passar o tempo a ouvi-la contar histórias do passado e das traquinices dos filhos enquanto crianças. Depois que partiu, vários de nós deixamos de lá ir nessa época festiva pois não era o mesmo, perdeu-se o encanto. Julgo que "será escusado dizer" que acabei me emocionando bastante com este livro.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Faleceu Luis Sepúlveda

Faleceu o autor chileno Luis Sepúlveda. Este ilustre senhor que era também jornalista, director filmográfico e activista politico, padecia da nova doença, a COVID-19, tendo sido internado a 27 de Fevereiro em Espanha, onde residia, porém acabou por não resistir. 
A sua última aparição foi em Portugal, em Póvoa de Varzim por ocasião do festival literário Correntes d'Escritas, que decorreu de 15-23 de Fevereiro deste ano.
Os seus trabalhos foram lançados em Portugal sendo alguns deles, Mundo do Fim do Mundo, Encontros de Amor num País em Guerra, Diário de um Killer Sentimental, Patagónia Express, ou A Sombra do que fomos, destacando-se as obras: História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, e O Velho que Lia Romances de Amor.

Os sentimentos à família.


"Somente aqueles que ousam podem voar." Luis Sepúlveda, 1949-2020

Descanse em paz R.I.P.

sábado, 11 de abril de 2020

A receita de Mandrágora, de Fernanda Nieto - Opinião

Título original - A receita de Mandrágora
Sinopse: Mandrágora é uma dessas bruxinhas de varanda que certo dia espera uma visita muito especial e, por isso, resolve preparar para ela uma sobremesa igualmente especial. Sai, então, em busca da receita da felicidade e em seu trajeto se depara com muitos mestres que, por meio de provérbios e linguagem figurada, transbordam de encantamento o seu caminho!


Opinião:
O livro conta-nos acerca de uma bruxa chamada Mandrágora que vive num vaso de plantas. Ao saber que a sua amiga Circe a vai visitar, decide preparar uma receita especial: a receita da felicidade. 
Aqui temos uma breve história, ideal para partilhar com os mais pequenitos. Com ilustrações ricas em cores vibrantes, o conto vai mantê-los ainda mais interessados na jornada da Mandrágora. 
Afinal qual é a receita da felicidade? Não se sabe, o conceito da felicidade para ti é uma coisa, para mim já poderá ser outra. Há quem diga que já conhece e há quem passe uma vida inteira procurando. 
Eu gosto de pensar que a felicidade está nas pessoas que nós amamos, na comida favorita, naquela música bem-disposta, no livro que te tocou, na conversa com as amigas, na varanda onde apanhas Sol, no cacau que tomas num dia frio de chuva...enfim está nas pequenas coisas da vida!
O que é para ti a receita da felicidade?

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Mirror, mirror - A twisted tale, de Jen Calonita - Opinião

Título original - Mirror, Mirror - A twisted tale
Saga: Disney twisted tales
Sinopse: What if the Evil Queen poisoned the prince?
Following her beloved mother's death, the kingdom falls into the hands of Snow White's stepmother, commonly referred to as "the Evil Queen" by those she rules. Snow keeps her head down at the castle, hoping to make the best of her situation.
But when new information about her parents resurfaces and a plot to kill her goes haywire, everything changes for Snow. With the help of a group of wary dwarfs, a kind prince she thought she'd never see again, and a mysterious stranger from her past, Snow embarks on a quest to stop the Evil Queen and take back her kingdom. But can she stop an enemy who knows her every move and will stop at nothing to retain her power... including going after the ones Snow loves?

Opinião:
Esta história é um retelling do ilustre clássico A branca de Neve, que chega até nós pelas mãos da escritora norte-americana Jen Calonita. Este é o meu segundo contacto com o trabalho da autora, da qual já li "Flunked", o primeiro volume da saga "Fairy tale reform school".

A Rainha Má oprime o povo e todos estão resignados. Isolada de todos, a Branca de Neve vai existindo de acordo com a regras da madrasta. Até o dia que sofre um atentado à vida e descobre a verdade acerca do que aconteceu aos seus pais.
Com um novo fogo no seu ser, a princesa decide tomar as rédeas da situação, criar o seu próprio caminho e lutar pelo que está destinada: tomar de volta o seu reino e governar como rainha.
A narrativa é feita de modo (maioritariamente) intercalado pelas personagens principais, a Branca de Neve e a sua madrasta, Ingrid, também conhecida por Rainha Má. Desta forma, temos as perspectivas e o ponto de vista dos dois lados da história, da heroína e da vilã, facto que gostei imenso. Claro que não é justificação para atitudes mas uma forma de acedermos às experiências vividas, aos pensamentos, atitudes que as distinguem e como enfrentam as situações. 
Adicionalmente, no ponto de vista da Ingrid, parte da história tem uma escala temporal nos quais são apresentados intervalos de tempo, do mais antigo para o mais recente, o que mostrou ser outro ponto favorável, pois permite de modo gradual, ver a construção da personagem. Confesso que foi o que mais me agradou ler.
Outro aspecto intrigante desta história foi o facto da autora ter escrito acerca da origem do espelho mágico e de como ele se mantém, denotando uma certa co-dependência. 
Foi interessante conhecer as raízes da família materna da heroína, ver que a rainha má é também tia da princesa, ler como duas personagens praticamente com o mesmo "background", se tornaram tão diferentes, o acaso que originou a ascensão à família real e o "twist" que distinguiu esta obra de outras, que foi o príncipe ser envenenado com a maça em vez da princesa.
Um novo olhar à história da branca de neve que vale a pena espreitar.

terça-feira, 31 de março de 2020

[2020] Desafio Quarentena COVID-19

Há alguns anos houveram surtos infecciosos de doenças de origem viral, que afectaram algumas áreas do globo mas com repercussões consideravelmente menores. Nunca me passou pela cabeça que algum dia íamos passar por um evento de epidemiologia à escala mundial e sobretudo com as proporções que esta doença, o COVID-19, está a ter, atingindo a classificação de pandemia.
Em pleno século XXI, com toda a informação que dispomos e todos os conhecimentos adquiridos, a Natureza não para de nos surpreender. As tentativas de contenção não funcionaram e agora estamos todos no mesmo barco, e o Mundo está "de quarentena".
Que nos sirva de lição, para não termos nada como garantido. 

É à luz destes acontecimentos que venho propor o desafio quarentena para o confinamento. Já que na maior parte do tempo estamos restringidos à nossa residência e...adoramos ler, vamos então ler ficção acerca de contágio, epidemias, vírus e afins.

Por aqui vai ser lido:

- Ensaio sobre a cegueira, José Saramago


Todos estamos a ser afectados de diferentes modos. Para as pessoas que estão a ser afectadas por ansiedade e stress, e preferem abster-se desta temática, recomendo um dos outros desafios disponíveis aqui: