terça-feira, 21 de julho de 2020

Rebecca, de Daphne du Maurier - Opinião

Título original - Rebecca
Editora: Editorial Presença
Sinopse: Publicado em 1938, Rebecca é talvez o romance por que Daphne du Maurier é hoje mais lembrada. Ao lê-lo entramos numa atmosfera onírica, sombria, alimentada por segredos que os códigos sociais obrigam a permanecer ocultos e que se concentram na misteriosa mansão Manderley. É para esta mansão que a narradora, uma jovem humilde, vai viver com o viúvo Maxim de Winter, ao aceitar o seu pedido de casamento. Mas então descobre que a memória da falecida esposa, Rebecca, se encontra ainda viva e que esta era tudo o que ela nunca será. À medida que o enredo se desenvolve, ela terá de redefinir a sua identidade num cenário em que os sonhos ameaçam tornar-se pesadelos…

Opinião:

Outro mês, outro livro do bookclub. Agradam-me imenso estas leituras e a ideia de ir trocando ideias com os outros integrantes. Este é o meu primeiro contacto com o trabalho da autora e desde já vos digo que não li a sinopse.
A protagonista é uma jovem inexperiente e sem familiares, que de forma inesperada, se apaixonou e casou-se com Maxim de Winter, um homem rico, bastante mais velho, proprietário de Manderley. É evidente pelas atitudes, maneira de estar e vestimenta, a sua proveniência de origens modestas e a sua tenra idade, o que nunca foi visto como um entrave. Mas ao chegar a Manderley, tais características são-lhe apontadas, em segredo. 
Todos estão surpresos com a nova Mrs. de Winter, por ser tão diferente da primeira Mrs. de Winter, Rebecca. A Rebecca faleceu mas está muito presente na mente de todos e na própria casa, cujo quarto, decorações e tradições ainda se mantêm.
A protagonista logo se inteira disto e recusa-se a fazer mudanças, tímida e introvertida, ela tenta adaptar-se à sua nova vida e à situação em que se encontra, mas de facto, não consegue deixar de se comparar à falecida e julga que nunca estará à sua altura.
Acho curioso o facto de nunca se descobrir o nome próprio da personagem principal, pelo menos não me recordo de alguém mencionar. 
Basta passar os olhos no blogue para se perceber que não sou pessoa muito chegada a clássicos e sinceramente, achei tediosas várias passagens da obra devido a serem bastante descritivas. Entendo que possa ser característico da época, então aguentei e segui em frente pois o suspense manteve-me interessada e eu realmente queria saber o que tinha-se passado com a Rebecca e o motivo de ser uma pessoa muito estimada. Perguntei-me "como é que alguém consegue agradar a todos"?
A percepção veio e não foi nada de extraordinária mas surpreendeu-me bastante, confesso que estava à espera de algo de teor sobrenatural. E ainda o mistério envolvendo a morte da Rebecca, uma perita em velejar, foi uma surpresa, bem como quanto ao carácter e a verdadeira natureza da personagem, que não era o que seria de esperar de uma dama amada por todos.
É como se diz, uma história tem sempre dois lados.
★★★


O livro teve adaptação cinematográfica que adoptou o título da obra. Noticias recentes indicam que a Netflix irá também ter uma nova adaptação.

sábado, 18 de julho de 2020

Como falar com raparigas em festas, de Neil Gaiman, Fábio Moon, Gabriel Bá - Opinião

Título original - How to talk to girls at parties
Editora: Bertrand Editora
Sinopse: Enn tem 16 anos e não compreende as raparigas, ao passo que o seu amigo Vic parece já ter tudo na ponta da língua. Mas ambos apanham o choque da sua vida ao depararem com uma festa em que as raparigas são muito mais do que aquilo que aparentam ser…

Opinião:
Os dois amigos Enn e Vic não poderiam ser mais diferentes, não apenas fisicamente mas também em termos de personalidade. Naquele dia iam para a festa da Alison, que tinham conhecido num intercâmbio de estudantes na Alemanha.

Os amigos logo perceberam que encontravam-se no local errado, e com isso, estavam numa festa que não tinham sido convidados. O que parecia ser uma típica festa era na verdade um passo no processo de conhecimento, uma vez que todos os presentes eram turistas.
Esta é uma breve história do conceituado Neil Gaiman num contexto de graphic novel, contudo não achei nada particularmente extraordinário. A arte é gira e a história teve um "twist" divertido, uma leitura breve para uma tarde em casa.
★★★

segunda-feira, 6 de julho de 2020

O Adeus a Zoë, de Alyson Noel - Opinião

Título original - Saving Zoe
Editora: IN
Sinopse: A Echo é uma típica adolescente de 15 anos, que tenta sobreviver à escola sem ficar traumatizada com os problemas com os namorados, os dramas das amigas e as questões escolares. E, como se isto não bastasse, está ainda a recuperar do assassínio da sua irmã Zoë, uma tragédia que mudou a sua vida por completo. E, quando o antigo namorado da Zoë lhe entrega o diário da irmã, a Echo pensa que não há lá nada que ela já não saiba, mas, à medida que vai cedendo à curiosidade e o vai lendo, descobre que a sua irmã guardava um segredo que ninguém poderia imaginar, nem mesmo ela.

Opinião:
Estamos perante um título young adult, contemporâneo que fala sobre a perda de um ente querido, ou assim o julgava, contudo acaba por ser muito mais do que isso.

Um ano após o assassinato brutal da Zoë, a Echo ainda tem bastante presente a tragédia que alterou a sua família para sempre. A sua irmã permanece inalterada na sua memória como uma jovem extrovertida, confiante, destemida e com o sonho de obter fama.
Ninguém é um livro completamente aberto, as pessoas passam uma imagem de si porém todos guardam segredos, e a Echo descobre que a irmã não é a excepção, quando obtém o seu diário.
Confesso que de inicio não estava a gostar muito desta obra porém quanto mais lia, mais interessada ficava. A narrativa alterna entre o quotidiano da Echo e as entradas do diário da Zoë, que nos são apresentadas cronologicamente até ao dia da sua morte. 
É evidente que as irmãs são bastante diferentes e com isto, gera-se uma crise de identidade. Quanto mais explora o diário, mais as incertezas da Echo aumentam, já que não consegue deixar de se comparar à irmã e julga que nunca estará à sua altura.
Na minha opinião, pareceu-me um indício de algum desequilíbrio quando a Echo estava a ter momentos privados com rapazes e pensava na irmã, foi estranho, parecia querer-lhe impersonar. Em contrapartida, noutras situações, compreendi que eram a sua forma de lidar com o luto e de se sentir mais próxima da irmã. 
O facto foi que esse comportamento errático levou-a a conviver com indivíduos de carácter dúbio que lhe podiam ter magoado, segundo constam as revelações pertubantes do diário.
Este livro tem várias mensagens importantes, que alertam para o consumo de drogas, para o risco de andar com más companhias e o que estas podem compelir a fazer, e ainda para os perigos da exposição nas redes sociais e outras plataformas online. O Mundo está repleto de predadores, ninguém sabe realmente quem está do outro lado ou quais as suas intenções. Com esta obra, a autora enfatizou que os predadores podem estar online e podem também estar por perto. Já dizia a minha avó "todo o cuidado, é pouco".
★★★★

O filme tem o mesmo título.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Falling into place, de Amy Zhang - Opinião

Título original - Falling into place
Sinopse: Inertia, force, mass, gravity, velocity, acceleration... cause and effect.
Liz Emerson doesn't understand any of it.
But I do.
I understand how we fall. Where we fall. Why we fall.
I understand her sadness and loneliness and silence, her shattered heart.
It doesn't have to be this way, does it?
It wasn't always this way, was it?
Stay alive, Liz Emerson, stay alive.

On the day Liz Emerson tries to die, they had reviewed Newton's laws of motion in physics class. Then, after school, she put them into practice by running her Mercedes off the road. Why did Liz Emerson decide that the world would be better off without her? Why did she give up? The nonlinear novel pieces together the short and devastating life of Meridian High's most popular junior girl. Mass, acceleration, momentum, force—Liz didn't understand it in physics, and even as her Mercedes hurtles toward the tree, she doesn't understand it now. How do we impact one another? How do our actions reverberate? What does it mean to be a friend? To love someone? To be a daughter? Or a mother? Is life truly more than cause and effect? Amy Zhang's haunting and universal story will appeal to fans of Lauren Oliver, Gayle Forman, and Jay Asher.

Opinião:
A segunda leitura do book club, desta vez sob o género da literatura contemporânea.

A Liz é jovem, bonita, popular e tem amigos valiosos, está no seu auge. Ou assim todos o julgam mas apenas ela sabe como se sente, pelo que decide suicidar-se, encenando um acidente de carro.
O que resume esta obra? Um livro triste que aborda o bullying, depressão e suicídio.
Tem algumas memórias boas mas na maioria, relatam momentos de infelicidade para a protagonista ou para quem sofreu pelas suas mãos, de uma maneira ou de outra. Não senti conexão com a Liz e confesso que a certa altura, eu apenas queria descobrir a identidade do narrador, que foi a grande surpresa deste livro.
Não me pareceu que a obra fosse uma história de redenção, na verdade, pareceu mais uma jovem que reconhece que "praticou o mal" e que se não fosse por isso, as pessoas estariam com menos problemas. Da mesma forma que ela reconhece isso, reconhece também que ficava impune. Isto aliado à sensação de solidão e aos problemas pessoais, impulsionaram a sua decisão de pôr término à vida.
A sua posição de alta popularidade a fez manter uma fachada, porém toda a sucessão de eventos a deixaram num estado de depressão da qual ninguém suspeitou.
Agora numa nota importante, esta foi a jornada de uma rapariga que precisava de ajuda e não soube como a pedir. Todos temos problemas mas não precisamos de os manter só para nós, sobretudo nesta altura do COVID-19, que está a amplificar emoções. Procurem ajuda ou talvez comecem por arranjar alguém para desabafar, que creio que ajuda a tirar algum peso do peito, não é preciso passar por isso sozinho.
★★★