quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Cinco quartos de laranja, de Joanne Harris - Opinião


Título original - Five quarters of the orange
- Autora inglesa
Editora: Edições Asa
Sinopse: Framboise regressa à pequena cidade onde nasceu, na província francesa, e abre aí um restaurante que rapidamente se torna famoso, graças às receitas de um velho caderno que pertencera à sua mãe. Essa espécie de diário contém igualmente uns estranhos apontamentos cuja decifração lançará uma nova luz sobre os dramáticos acontecimentos que marcaram a infância da protagonista nos dias já longínquos da ocupação nazi. Framboise recorda os sabores e os sentimentos da sua infância, numa França marcada pela dor e pela penúria da guerra, e muito especialmente um episódio que marcou a vida da família e constitui, para ela, a perda definitiva da inocência. Agora, já no Outono da vida, chegou a hora de enfrentar a difícil verdade.

Opinião:
A personagem principal Framboise (Boise) narra a história em dois tempos: quando já tem uma idade mais avançada e no passado, que recua até à sua infância na época da guerra mundial, quando vivia na França com a mãe e os seus irmãos. A progenitora anotava as suas receitas num caderno que também servia de diário, item que foi herdado pela Boise após a sua morte, e as receitas lá registadas eram o segredo do seu bem sucedido negócio.
Na infância, Boise recorria a cascas de laranja para poder sair despreocupadamente e se livrar da mãe, cujo odor lhe dava fortes enxaquecas, e essas alturas eram períodos negros para a mãe, que por vezes não se recordava dos acontecimentos, pelo que normalmente retirava-se para o seu quarto.
Na mesma ocasião, os irmãos conhecem o nazi Tomas por quem Boise se apaixona e isso origina uma busca pelo Velho, um lúcio grande, que segundo a lenda, se fosse apanhado e devolvido ao rio, concedia um desejo. E é isso que Boise pretende, pedir que Tomas não se vá embora, mas esse evento acaba por desencadear uma série de acontecimentos que mudam completa e definitivamente a vida de todos.
Já no presente, surgem os sobrinhos dela que querem reivindicar o caderno/diário sem à partida revelarem as suas verdadeiras intenções, e isso dá origens a quezílias entre gerações. Paralelamente, fica a percepção que algumas feridas do passado podem ser curadas, e que nunca é tarde para amar.
Alternando presente e passado, a autora conta-nos uma história de vida, fala-nos sobre um infeliz acidente, uma dramática tentativa de disfarçá-lo como um produto de uma guerra não muito distante, e das consequências que daí advêm.
A autora surpreendeu naquele que foi o primeiro romance que li da sua autoria. Com uma escrita fluída, personagens interessantes e uma história verdadeiramente cativante, apesar de não apreciar muito literatura relacionada com os tempos de guerra e respectivos actos descritivos, fiquei fã e com vontade de ler outros títulos.


Outra capa:

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